segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Descoberta.

O regresso ás aulas tanto tem de tedioso como de prazeroso. Se por um lado temos as horas (que mais parecem dias) que se reflectem em cansaço (mas cansaço daqueles que desgastam por completo), a pirâmide de livros que se encontra na mesinha de cabeçeira e tem de ser lida em determinado prazo, as chatisses com os professores porque não somos ou pelo menos achamos que não somos compreendidos, a matéria de história que parece infindável, em que numa aula somos capazes de dar um módulo a correr (sim, porque o mais importante não é os alunos compreenderem e terem tempo de pelo menos racicionar. Nao! O importante, é cumprir o programa), a matemática com os seus números e fórmulas que faz da vida algo AINDA MAIS complicado, as horas sem dormir porque certo e determinado livro tem de ser apresentado dia 25 ás 16h32m de uma quarta-feira do mês tal, as apresentações que supostamente PROVAM que és uma boa oradora, e que caso te engasgues fazem com que tenhas 13 em vez de 15, as horas extremamente secantes resultantes de um furo ridículo no horário sem pés nem cabeça, e que te faz permanecer na escola pela inércia de andar 5km até casa e depois mais 5km para voltar á escola, por outro lado, existe todo um conjunto de coisas que tocam no mais ínfimo de ti próprio, que fazem com que cresças mental e culturalmente, que conheças os mais diversos escritores (alguns loucos, outros nem tanto), as razões da física, a arte de argumentar, de racicionar, de aprender mas sobretudo também ensinar. Somos tocados pela arte, porque no fundo, ela encontra-se em todo o lado.. Começamos a ver as coisas com outros olhos, com olhos de ver. E aí percebemos que ela está onde nós quisermos que ela esteja. Começamos então a perceber que essas horas tediosas que perdemos, umas mais ridículas que outras, mais tarde se transformam em coisas prazerosas, que nos dão uma vontade inexplicável de viver com aquilo, de estar em contacto com. Falo por experiência própria, pois apesar de tudo isto se reger por regras, parâmetros, e precisamente por a escola estar casada com o cansaço, consegui encontrar no meio de todas estas coisas negativas, algo positivo que me fizesse encontrar a minha paixão. E de facto, esta é a minha arte. Encontrei-a! E cada vez que me cruzo com ela, toda esta chama se ateia ainda mais, porque mesmo depois de achada ou reencontrada, continua a ser uma busca sem fim. A minha paixão? Chama-se Literatura!

«Há que amar a literatura. Sabemos bem que o amor pode ser fugaz, intermitente, inconstante, frágil, imenso, ocasional, calculado, uma paixão subita, uma paciente conquista. Amando-a, porém, é impossível não querer conhecê-la em toda a parte e em todos os tempos, em extensão e em profundidade, é impossível não querer estudá-la, para transmitir e comunicar aos outros a fascinação que ela exerce sobre nós; é impossível não querer vivê-la, gratuitamente e como agente,que ela é, de tudo o que constantemente se pretende que ela seja e de tudo o que ela constantemente ultrapassa em si mesma e em nós.»

Jorge de Sena

4 comentários:

Ridicularizem barbaridades !